Foto de mulher em close, de olhos fechados com lágrimas escorrendo.

Identificar corretamente uma crise de ansiedade é muito importante para enfrentá-la corretamente. Imagem por Karolina Grabowska.

Lidar com uma crise ou mesmo com os sintomas intensificados da ansiedade pode ser extremamente desafiador. Se você está passando por isso atualmente, saiba que tem minha solidariedade. Antes de entrarmos no texto, é importante alertar que os sintomas ansiosos podem receber tratamento psicológico e médico e que o trabalho de prevenção e de cuidado contínuo é essencial(e muito mais efetivo) para o controle destes sintomas, sempre com a supervisão de profissionais capacitados e com protocolos baseados em evidências. Se você está com sintomas intensos e sente que talvez não consiga lidar com eles sozinho(a), por favor busque imediatamente a emergência de um serviço de saúde e explique seus sintomas.  Com este texto, que não substitui uma avaliação profissional (médica ou psicológica), minha intenção é te ajudar a entender melhor como identificar uma crise de ansiedade. Também tenho outro texto com algumas técnicas para alívio dos sintomas, acesse clicando aqui.   Como reconhecer os sintomas físicos de uma crise de ansiedade Os sintomas físicos da crise de ansiedade podem incluir: Batimento cardíaco acelerado ou palpitações Sensação de falta de ar ou sufocamento Transpiração excessiva ou calafrios Tremores ou tremedeira Sensação de tontura ou vertigem Náusea ou desconforto gastrointestinal Sensação de aperto ou desconforto no peito Formigamento ou dormência nas mãos ou nos pés Sensação de desmaio ou perda de controle Hiperventilação ou respiração rápida e superficial. Estes sintomas podem variar de pessoa para pessoa e podem ser mais ou menos intensos dependendo da gravidade da crise. É importante lembrar que são uma resposta natural do corpo à ansiedade, e que geralmente diminuem à medida que a pessoa se acalma e a crise passa.   Como diferenciar uma crise de ansiedade de um ataque cardíaco ou outro problema de saúde É importante lembrar que os sintomas de uma crise de ansiedade podem ser semelhantes aos sintomas de um ataque cardíaco ou outros problemas de saúde, o que pode gerar confusão e…

Homem deitado em uma cama, aparentando estar pensativo.

É possível lidar com a ansiedade de forma preventiva usando estratégias baseadas em evidências. Imagem por Kampus Production.

Há evidências significativas de que homens gays podem ser mais vulneráveis a alguns desafios de saúde mental do que a população em geral, como consequência da discriminação, homofobia, dos estigmas que nos acompanham e outros fatores de estresse que enfrentamos como resultado de nossa identidade sexual.  Estes fatores de estresse cobram um preço alto de nossa saúde mental e bem-estar e aumentam em muito a chance de enfrentarmos vários problemas. Nossa identidade sexual em si não é realmente o fator que nos faz desenvolvermos problemas de saúde mental como ansiedade, depressão, pânico etc. Mas sim as experiências e os ambientes, as relações e a violência da sociedade homofóbica, preconceituosa e discriminatória em que vivemos. Claro que tivemos avanços imensos nos últimos anos e, principalmente nas grandes cidades, é bem menos difícil ser gay hoje do que era há 10 anos, por exemplo.  Mesmo assim, a escalada do conservadorismo que temos visto nos últimos seis ou sete anos criou muitas situações altamente estressoras para todas as pessoas que são diferentes da “norma”, não só homens gays mas todos os LGBTs, pessoas negras, portadores de necessidades especiais e outros. Pode ser fácil dizer racionalmente que não há nada errado conosco, que ser gay não é uma doença, não é um problema e mesmo assim não é nem simples nem fácil lidar com as consequências de uma vida inteira vivendo em um mundo que sempre nos disse que nosso jeito de ser, desejar e amar é errado. Ou seja, estamos em maior risco de desenvolvermos problemas de saúde mental não por sermos gays, mas sim por vivermos em uma sociedade tão machista, tão homofóbica, tão opressora que nos fez e nos faz desenvolvermos crenças e medos muito profundos sobre quem nós somos e nos faz, ainda hoje, viver com medo. Neste texto, eu quero focar especialmente em algumas estratégias para que você possa melhorar sua relação com os seus sintomas ansiosos. Muito do…

Homem sentado em um sofá, com um laptop e fones de ouvindo, em uma videoconferência.

A terapia online remove muitos obstáculos e resistências ao autocuidado. Imagem por Mikhail Nilov.

Durante a maior parte da existência de nossa espécie vivemos, em média, menos da metade do tempo que vivemos hoje. Não apenas vivemos mais que o dobro do que a maioria de nossos ancestrais, vivemos em condições muito diferentes e com oportunidades e desafios inéditos. Nossas relações, nosso trabalho, lazer e saúde são totalmente atravessados por tecnologias e estruturas que não existiam 20 ou 30 anos atrás. E mesmo assim, ainda estamos tentando nos adequar a uma ideia de “felicidade” e “sucesso” que se um dia foi verdade(o que eu duvido), já não é mais. Você provavelmente cresceu se preocupando sobre quem você seria quando crescesse, sobre o que você “faria da vida” ou até, se teve sorte, pensando em como ser feliz. Mas tentar “ser feliz” pode ser tão frustrante quanto tentar medir sucesso pelas suas conquistas profissionais. Há uma frase de Clarice Lispector que diz assim: “O fácil nunca me interessou. Já o obviamente impossível sempre me atraiu – e muito.” Essa citação tem muito a ver com nossas insatisfações pois somos muito motivados por nossos desejos e muitos deles não são nem coerentemente organizados, nem para nós mesmos e muitos não são atingíveis em um sentido mais prático. Um dos muitos benefícios de passar por um processo terapêutico é se conscientizar disso e alinhar seus desejos com  aquilo que de fato podemos viver, alcançar. Ao menos em algumas questões de nossas vidas, é claro. Mesmo sendo um terapeuta cognitivo-comportamental(uma abordagem que é centrada no realinhamento de emoções, pensamentos e comportamentos) eu acredito que não é realista querer decifrar a si mesmo a um ponto em que tudo que sentimos, pensamos e fazemos faça sentido conscientemente. Menos ainda o que sentem, pensam e fazem os outros. Digo mais: grande parte de nossa insatisfação vem de uma tentativa de tentar fazer sentido das coisas, queremos que tudo, desde o que nos acontece até o que sentimos e fazemos, tenha…