A ansiedade é uma resposta normal do organismo, mas quando sai do controle pode ser um problema sério. Imagem: Pixabay
Nossa espécie precisou sobreviver a muitos perigos para se perpetuar e evoluir e essas situações perigosas ou ameaçadoras, que é o processo conhecido como “resposta de fuga ou luta”, que envolve a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que aumentam a frequência cardíaca, a respiração e a tensão muscular. Esse mecanismo é responsável pela sensação de ansiedade, que é a nossa percepção deste estado de alerta, gerado pelo sistema nervoso autônomo, ao preparar nosso corpo para lidar com uma possível ameaça. Mesmo em nossas vidas urbanas, a ansiedade ainda é essencial para a sobrevivência, tanto social como física. Ao nos ajudar a reagir melhor a riscos, o que leva a um estado constante de ansiedade, mesmo em situações cotidianas. Além disso, fatores genéticos, experiências de vida e desequilíbrios químicos no cérebro e no sistema nervoso também podem contribuir para o desenvolvimento de disfunções nos mecanismos que geram a ansiedade.
Embora seja uma resposta natural do corpo, se ocorre com excessiva frequência pode causar desconforto, prejuízos ao nosso bem-estar e inclusive se transformar em um problema de saúde já que os sintomas ansiosos fazem parte dos quadros de muitos transtornos mentais.
O medo de se ver como doente
Como os transtornos de ansiedade e os sintomas ansiosos são extremamente comuns, eu sei que muitas pessoas se sentem desconfortáveis em pensar neles como sendo possivelmente parte de transtornos mentais, porque isso poderia significar que são “doentes mentais”. Eu entendo, e não tenho problemas em admitir que eu mesmo tive muito medo disso durante anos. Me permita te mostrar uma outra forma de ver essa situação. Durante muito tempo, pensávamos no conceito de sanidade de forma absoluta. Ou uma pessoa é “sã”, ou seja, obedece ao que é esperado dela pela sociedade, ou é “louca”, o que pode significar apenas que ousou desafiar a ordem estabelecida sendo diferente. Na verdade, essa lógica da sanidade vs. loucura só servia para segregar e subjugar as minorias e manter a ordem social e de outras formas essa lógica ainda impera sobre nós. Hoje sabemos que ter saúde mental é muito mais complexo do que ser “isso” ou “aquilo”. Somos imensamente complexos, somos resultado e agente transformador de uma imensidão de fatores. Vivemos sob múltiplas pressões, com enormes expectativas. E claro que os sistemas que nosso corpo desenvolveu para nos manter vivos teria dificuldades em entender que nem todas elas têm a mesma chance de nos fazer mal. E por isso, fazem.
Se reconciliar com o fato de que sua ansiedade é uma parte de você e que estar sofrendo por ela não é vergonha nenhuma, pode fazer bastante diferença.
A ansiedade como um sintoma do estilo de vida
A forma como nossas vidas são estruturadas nesta época em que vivemos conduz a um estado de constante antecipação e insegurança em relação ao que está por vir e como lidaremos com isso. Nossa forma de vida é geradora de ansiedade. E, claro, algumas pessoas sofrerão mais com a experiência da ansiedade do que outras. E este sofrimento, essa intensificação dos sintomas ansiosos, pode se converter no que chamamos de crise de ansiedade.
Uma crise de ansiedade pode se manifestar de várias maneiras, mas é comum experimentar uma sensação de medo ou pânico intenso, muitas vezes sem motivo aparente. O coração pode começar a bater mais rápido do que o normal, a respiração pode ficar ofegante e é possível sentir uma pressão no peito. Algumas pessoas podem sentir tontura, formigamento nas extremidades ou até mesmo desmaiar. A mente pode ficar cheia de pensamentos acelerados e preocupações excessivas, dificultando o foco em qualquer outra coisa. Muitos indivíduos sentem uma sensação de estar perdendo o controle ou ficando louco. As crises de ansiedade são geralmente assustadoras e podem ser acompanhadas de sintomas físicos e emocionais intensos. É importante lembrar que, embora possam ser extremamente desconfortáveis, as crises de ansiedade são tratáveis e muitas pessoas superam esse desafio com a ajuda de profissionais de saúde mental.
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